Is.
6:1-3
A visão que possuímos em
relação ao pecado, define a visão que temos em relação a Deus. O conhecimento
que temos de Deus determina nossa vida como um todo. Não é compatível possuir
um pensamento medíocre com relação a Deus e possuir uma vida plena de
santidade. Se desejarmos santificação precisamos conhecer profundamente Aquele
que é santo. Uma visão errada a respeito de Deus nos conduzirá a uma vida de
erros. Por esta razão entendo que se desejamos realmente santidade em nossa
vida precisamos focar nossa visão em Deus e aprendermos a observar alguns
conceitos.
I-
É PRECISO DEFINIR QUEM ESTÁ NO TRONO. (v.1-3)
A quem pertence o domínio?
a.
Quem
foi Úzias e qual foi seu pecado.
Uzias
assumiu o trono de Judá quando tinha apenas 16 anos e reinou por 52 anos (II
Rs.15;1,2). Ele foi um bom rei; temente a Deus, sábio, apaziguador, durante seu
reinado Judá viveu momentos maravilhosos. Houve paz política, houve crescimento
comercial, e Deus o fez prosperar até o momento em que ele permitiu que o
orgulho invadisse seu coração e ele intentou oferecer o incenso diante de Deus
o que era permitido apenas aos sacerdotes (II Cr.26:16-23). Por conta deste
pecado, Úzias foi ferido de lepra e chegou a morte.
b.
Consequências
da morte de Úzias sobre Judá.
O profeta Isaias lamenta a
morte do rei porque conseguia enxergar as consequências desta tragédia.
1.
Com a morte de ùzias seu filho Jotão assumiu o
trono, mas o questionamento era: será que a forma de governo de Jotão será
igual a de seu pai?
2.
Jotão enfrentou uma situação de profundo
desgosto e vergonha nacional. Desgosto pela morte do rei, vergonha porque ele
morreu leproso e isto era vergonhoso, era motivo de humilhação.
3.
A morte de Úzias agravou a situação espiritual
mórbida em que vivia a nação de Israel.
II Rs.15:3,4 “3 E (Úzias) fez o que era reto aos olhos
do SENHOR, conforme tudo o que fizera Amazias, seu pai. 4 Tão-somente os altos se não tiraram; porque
ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos.”
Por esta razão Isaias busca a Deus e é agraciado com uma
visão impactante.
v.1 “eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono [...]”
Deus mostra para o profeta que o rei de Judá havia
morrido, mas o Rei dos Reis o Senhor dos senhores continuava vivo e com o de
todas as coisas em sua mão.
O que aprendo com isto, é que preciso focar o Céu e
retirar minha visão das situações, pois só assim poderei contemplar quem está
no domínio, quem tem o poder, quem é soberano. Pra que possamos definir quem
está no trono precisamos conhecer a Deus e jamais conheceremos a Deus sem que
antes tenhamos uma visão correta de sua santidade.
c.
Se
conhecermos a Deus, entenderemos que só Ele é o Rei dos reis e Senhor dos
senhores.
v.1 “eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime
trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo”
Deus não apenas mostrou ao profeta quem estava no trono,
também mostrou quem tinha mais poder, mais glória. A grandeza de um rei era definida pelo
tamanho de suas vestes.
“[...] as abas de suas vestes enchiam o
templo”
d.
Deus
não é servido por homens. (v.2)
Deus
prova para o profeta que seu trono está acima de qualquer trono
v.2 “Serafins estavam por cima dele;
cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria o seus pés e
com duas voava”
Uzias e Isaias dependiam de
homens para exercer seu ministério e reinado, mas Deus não depende de homens
porque está acima deles.
“Os serafins são os principais
atendentes de Deus, em Seu trono, O zelo desta classe de anjos era ardente.”
(Champlin, 2001. P.2807)[1].
Esta ação dos serafins faz jus ao seu nome, a base dessa palavra “serafim”
é o termo hebraico “sarap” que significa “queimar”[2].
v.2 “Serafins estavam por cima dele; cada
um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria o seus
pés e com duas voava”
Embora haja divergências com
respeito à interpretação de como se posicionavam ou se comportavam estes
serviçais de Deus, permita-me falar a respeito destes anjos segundo a
interpretação de Russel Champlim.
“Serafins cobriam o rosto com duas asas”– “visto ser Deus elevado e
santo demais para ser contemplado diretamente, enquanto eles estavam em uma
posição humilde” por si só Deus é a excelência da perfeição. A visão do rosto
de Deus era sublime demais para que pudessem suportar.
“Com duas cobriam os pés” – Isto demonstra que reconheciam seu
pequeno valor para estarem diante de Deus. Demonstra que reconheciam ser finitos
diante daquele que não tem início nem fim. demonstra reconhecimento da
impossibilidade de estar diante de Deus, eram pequenos diante do grande EU SOU.
“Com duas voavam” – “eram capazes de realizar tarefas impossíveis
para o homem”. 4 asas eram usadas para a adoração e duas para o serviço. Aqueles
seres estavam prontos e disponíveis para o serviço a Deus.
v.3 “e clamavam uns
para os outros dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; toda
terra está cheis de sua glória.
Lawson observa que repetir a
palavra santo três vezes, eleva-a ao grau superlativo. Isto significa elevar ao
grau de excelência.
Dizer que Deus é Santo
significa que é Santo. Dizer que Ele é Santo, santo, seria dizer que Ele é mais
santo que alguns. Dizer que Ele é três vezes Santo, significa dizer que o mais
auto grau de santidade habita em Deus[3].
A questão é: Será que é assim
que conhecemos a Deus? será que nossa aproximação de Deus nos leva a contemplar
sua santidade neste nível? Será que nosso relacionamento com Deus ETA baseado
num grau de temor que nos leva a contemplar a santidade de Deus. QUEM REALMENTE
ESTÁ NO TRONO?
Impactados
pela santidade de Deus é necessário que haja em nós:
II-
MUDANÇA DE ATITUDE. (v.4, 5)
A luz da santidade de Deus levou
Isaias é ver quem realmente ele era
1.
Isaias
é impactado pelo terror de estar diante de Deus
4. “As bases do limiar se moveram à voz do que
clamava, e a casa se encheu de fumaça. 5. Então disse eu: ai de mim!
Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de
impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!”
Observe a postura do profeta no
v.5. “Então disse eu: ai de
mim! Estou perdido! [...]”.
O profeta expressa medo da
condenação e do julgamento divino. Imaginem esta cena: o profeta contempla o
Senhor e de repente há um terremoto por conta da voz do coral que cantava
dizendo Santo, santo, santo... v.4 “As
bases do limiar se moveram à voz do que clamava, [...]” a casa (o
templo) se enche de fumaça e Isaias é levado a contemplar a si mesmo.
2.
Isaias
reconhece seu verdadeiro estado
Olhando para Deus Isaias
percebeu sua indignidade. Percebeu que seu padrão de bondade, santidade e
espiritualidade que comparado ao de outros homens talvez fosse muito mais
elevado nada significava diante de Deus. Isaias percebeu que o seu melhor era
indigno de estar na presença de Deus quando comparado com aqueles que o
adoravam.
Quando contemplou a santidade
de Deus, o profeta se sentiu devastado, destruído, destituído de qualquer
favor; todos os seus fundamentos se arrebentaram, e Ele percebeu que não era
tão puro quanto imaginava. O melhor dele era digno de julgamento e condenação
quando comparado a Deus.
3.
Porque
não possuímos a mesma visão de Isaias?
Nosso
problema é que a visão que buscamos ter de nós mesmos é em comparação a outro
homem tão falho e limitado quanto nós. Não buscamos entender o que significa
ser “santo como nosso Deus é Santo” não queremos, ou não nos esforçamos pra ser
santo “como o Senhor é Santo” o que precisamos para entender o ideal de Deus
para a nossa vida é PROCURAR ENXERGAR-ME A LUZ DA SANTIDADE DE DEUS. Só quando
isto ocorrer é que haverá mudança em nós e consecutivamente na igreja.
Há um propósito em sermos impactados pela santidade de Deus
III- APROVADOS PARA O SERVIÇO, TORNAMO-NOS
ÚTEIS PARA DEUS. (v.6-8)
Duas coisas aconteceram na vida
do profeta ao contemplar a santidade de Deus.
a. Purificação (v.6,7)
Ainda que portador de uma
conduta louvável, Isaias reconhecia que não era digno de tal visão. Diante da
santidade de Deus reconheceu que era um simples mortal e como tal possuidor de
falhas
v.5 “[...] sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de
impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!”
a.1. Isaias foi
envolvido pela Graça e Misericórdia de Deus.
v
Purificação exige arrependimento
Lawsom observa que aqui não houve graça
barata. Do tipo que se pode adquirir com uma oferta generosa, uma visita a um
lugar religioso, ou a compra de um amuleto da sorte. A misericórdia aqui foi severa
e a graça santa. O PROFETA PRECISOU ARREPENDER-SE, QUEBRANTAR-SE RECONHECER
QUEM ERA (v,5), não diante de homens, e sim diante de Deus.
v Purificação exige ação de Deus em nosso
favor
v v.6 “então, um dos serafins voou para mim, trazendo
uma brasa viva que tirara do altar com uma tenaz”
Aqui há um ato de graça
imerecida – o Serafim foi quem veio a Isaias. Isto indica que só serremos
libertos de nossa pecaminosidade se Deus agir por nós. A brasa viva que simboliza o perdão dos pecados vem de Deus. Isto é
uma simbologia da morte de Cristo. Só há purificação através da cruz.
SÓ ESTÁ APTO PARA O SERVIÇO DE DEUS QUEM PASSOU POR ESTA PURIFICAÇÃO. Vale
salientar que este processo é dolorido.
v.7 “com a
brasa (o serafim) tocou a minha boca e disse: eis que ela tocou os teus lábios;
a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.
b. Depois de purificados tornamo-nos úteis
para Deus
v A COMISSÃO (v.8)
v.8 “Depois
disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei e quem há de ir por
nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.
A pergunta de Deus
perscrutadora. Deus sabia quem era Isaias e conhecia o coração do profeta.
Permita-me lembrá-lo o que eu disse no início do sermão a respeito da situação
de Judá.
1.
O rei Úzias estava morto
2.
Havia uma situação de profundo desgosto e
vergonha nacional. Desgosto
3.
A situação espiritual era de morbidez, e
estagnação.
O profeta foi a presença de
Deus buscar resposta de Deus e naquele momento inicial antes da visão talvez
sua resposta fosse “ESTOU AQUI” e não “EIS-ME AQUI”. Agora Deus pergunta: você
está pronto Isaias? Você está a minha disposição? Você deseja ser santo? Você
deseja ser servo? Você entendeu quem está no
trono? Você foi modificado? Você Deseja ser útil?
Escute: O conhecimento que temos
de Deus determina nossa vida como um todo. Minha pergunta agora é para nós: já
tivemos uma visão real da santidade de Deus? Já reconhecemos nosso pecado? Já
fomos realmente perdoados a ponto de sermos modificados interna e externamente?
Temos sinceramente convicção de onde
viveremos na eternidade? A visão de Isaias o levou a estas convicções.
Então
disse Isaias “eis-me aqui” e não estou aqui.
[1] Champlin, Russell Norman,
1933- O Antigo Testamento interpretado : versfculo por versfculo : Isafas,
Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amos, Obadias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, volume 5 / por
Russell Norman Champlin. — 2. ed. — São Paulo : Hagnos, 2001.
[2] ibidem
[3] Lawsom sermão pregado na
conferencia fiel- Águas de Lindoia- SP. 2010