Efésios 1:2, 3
Dos versos 3-14 temos um dos mais
belos hinos de louvor a Deus encontrado na Sagrada Escritura. Neste cântico,
Paulo apresenta características essenciais de Deus, e nos apresenta benefícios
derramados sobre nós pela Santíssima trindade. O interessante é observar que
cada característica divina apontada pelo apóstolo, diz respeito a uma bênção
que recebemos do divino. Assim, a
conclusão a que chegamos é que os salvos têm motivos de sobra para viverem em
contínua alegria.
I- SERVIR A UM DEUS GRACIOSO (v.2)
v.2 “Graça
a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”
A saudação de Paulo expressa seu desejo de ver seus ouvintes
ricamente abençoados. Por esta razão ele diz: v.2“Graça a vós outros [...] da
parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”
A graça diz respeito à
“amorosa e gratuita bondade de Deus” [1]
em salvar aos que se haviam perdido. Por sua misericórdia, Deus resolveu conhecer-nos,
quando por natureza vivíamos em total distanciamento de Dele.
Rm.8:29 “porquanto aos que diante mão conheceu, também
os predestinou para serem conforme à imagem de seu filho”
A graciosa ação de
Deus em demonstrar seu amor por nós, é a causa total e absoluta de nossa
salvação.
Ef.2:5 “e
estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, -
pela graça sois salvos”
Paulo desejava que
esta dádiva de Deus repousasse sobre a vida de cada um de seus ouvintes. Que
cada eleito em todos os lugares onde esta carta fosse lida pudessem compreender
quão gracioso é o nosso Deus. Os adoradores de Diana talvez possuíssem mais
propriedades materiais, talvez estivessem vivendo em situação mais confortável
naquele momento, talvez até fossem elogiados pelo etilo de vida que viviam
(pois adorar Diana estava na moda), mas nenhum
dos adoradores de Diana possuía o privilégio daqueles crentes da Ásia. GRAÇA
PARA SERREM SALVOS, pois salvação só há em Cristo Jesus nosso Senhor.
Paulo deseja para os irmãos o melhor presente que alguém
pode receber; Graça do Deus gracioso.
II-
SERVIR AO DEUS DE PAZ (v.2)
v.2 “Graça
a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do
Senhor Jesus Cristo”
A paz a qual o apóstolo se refere
diz respeito ao refrigério que há na alma de cada salvo por entender que seu
destino é o Céu. O melhor, é que esta paz independe de circunstâncias externas.
O apóstolo dos gentios escreveu essa carta de sua primeira prisão em Roma. E
antes de chegar a Roma preso, já havia enfrentado diversas situações
tenebrosas. Permita-me fazer uma citação de Hernandes Dias Lopes quanto a
situação de Paulo:
“Ele tinha
sido perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém e esquecido em Tarso. Ele já tinha sido apedrejado em Listra, açoitado em. Filipos, escorraçado de Tessalônica, enxotado de Bereia, chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto. Enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém e acusado em Cesárea. Enfrentou um naufrágio avassalador ao
dirigir-se a Roma e foi picado por uma
cobra em Malta. Já tinha sido fustigado
três vezes com varas pelos romanos e recebido
195 açoites dos judeus (2 Co 11.24,25).”[2]
Mas, escrevendo aos Filipenses procura motivá-los a alegria
e então afirma:
Fp.4:4 “Alegrai-vos no Senhor; outra vez digo:
Alegrai-vos”
Servir
ao Deus de paz é estar ciente de que nosso descanso é o Céu. Assim, coisa
alguma deve roubar nossa paz interior. Embora o Império Romano na pessoa do
Cesar achasse que havia detido Paulo, ele se identificava nesta carta como:
“prisioneiro de Cristo (3:1), prisioneiro no Senhor (4:1) e embaixador em
cadeias (6:1)”.
Isto significa que
tomando este gigante de Deus como exemplo pra nossa vida cristã, não devemos
desfalecer em nossa fé por conta dos desafios. v.2 “Graça e paz, da parte de
Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo seja sobre nós”. Este deve
ser o maior estímulo para que sejamos proclamadores da verdade de Deus neste
mundo inundado pela mentira. Que os deuses se dobrem diante de Deus e que a
igreja seja plenamente cheia da graça e da paz de Deus e do nosso Senhor Jesus
Cristo.
III- SERVIR A UM DEUS BENDITO (v.3)
“Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, [...]”
É observado por Francis Foulkes que a palavra que designa
Deus como “bendito” (greg. eulogetos)[3]
“eu” significa “bem” e “logetos” significa “falar”[4].
No N.T. esta palavra é usada somente com referência a Deus. “é como se Paulo
estivesse dizendo: Elogiamos a Deus, falamos palavras boas sobre Deus”[5].
Ao observamos o texto percebemos que o apóstolo se dirige assim ao Senhor (como
o Deus bendito), pelo fato de entender que Deus é a fonte de todo bem que recai
sobre o mundo.
Não
possuímos coisa alguma que nos coloque em posição de destaque diante dos demais
homens. Qualquer bem que porventura venhamos a demonstrar descende de Deus.
Assim, os salvos e todos os homens só
podem ser benditos em Cristo. Esta é a máxima defendida por Paulo aqui. O
apóstolo está afirmando que:
a.
CRISTO É A EXPRESSÃO MÁXIMA DE DEUS
No v.2 Paulo já defendeu a divindade de Cristo quando o
pôs em igualdade a Deus “Graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso
Pai, e do Senhor Jesus Cristo”. Escrevendo aos colossenses,
Paulo afirma que o reino que aguardamos tem um rei e este é Cristo: “Ele
nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do
seu amor” (Cl.1:13). Nos v.15-17 deste mesmo capítulo da carta aos
colossenses a expressão é:
“Este é a imagem do Deus
invisível o primogênito de toda criação; pois, Nele foram criadas todas as
coisas, nos Céus e sobre a terra [...] tudo foi criado por meio dele e para
ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste”
Esta é a verdade que
Paulo deseja nos apresentar quando afirma que Jesus é o nosso Senhor
Ef.1:3
“Bendito o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, [...]”
b.
NOSSO DEUS BENDITO NOS ABENÇOA COM TODA SORTE DE
BÊNÇÃO ESPIRITUAL. (v.3)
“(Deus)
[...] nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo,”
Dois pontos importantíssimos devem ser observados com
respeito a esta afirmação.
1º) NATUREZA DAS BÊNÇÃOS PROMOVIDAS POR DEUS.
v.3
“[...] toda sorte de bênção espiritual [...]”
Observe que cada bênção espiritual que Deus nos
concede vem acompanhada com Cristo. Hendriksem nota que neste verso há “uma
bela palavra de fé possessiva nosso [...]”.
Perceba que o alvo não é apresentar algo que supra unicamente a necessidade
material do homem e sim a necessidade espiritual. A ideia é que o Deus bendito enche nosso coração de regozijo
espiritual e este regozijo se espalha, transborda, derrama-se sobre nossa vida
material de forma tal, que somos capazes de enfrentar qualquer situação juntos,
como igreja, cientes de que nossa maior recompensa é a mansão celestial.
2º) ONDE ACONTECEM ESTAS
BÊNÇÃOS
Estas bênçãos acontecem “[...] nas regiões celestiais”. Estas regiões são os lugares onde
os crentes se encontram. “É o Céu que existe no cristão e em torno dele no
presente” (Lopes, 2009 p.17). Isto é na realidade a paz que vem de Deus e que
Paulo deseja para cada crente (conf. v.2).
Ser continuamente
feliz implica em servir ao Deus bendito ciente de que toda bênção que recebemos
é provinda de Dele que derrama sobre nós bênçãos espirituais através de Cristo.